top of page

O que é Capoeira?

A Capoeira não é um simples esporte, ela é uma expressão cultural de origem afro-brasileira (hoje a Roda de Capoeira é reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO). Ela mistura arte marcial, esporte, dança, cultura popular e música, incorporando movimentos de luta, acrobacias, dança, ritmos, percussão e canto, num diálogo de corpo, mente e espírito.

A prática da capoeiragem traz muitos benefícios para quem a pratica, pois auxilia no desenvolvimento de habilidades físicas, mentais e sociais, ajudando seus praticantes a lidar com conflitos e medos, ensinando-os a superá-los com confiança, determinação e humor.

Uma característica que distingue a Capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade, pois os praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar ou a "jogar" (como os capoeiristas dizem), mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista experiente que ignora a musicalidade é considerado um capoeirista incompleto, pois é a musicalidade da bateria, através do comando do Berimbau Gunga, que diz o tipo de "jogo" a ser jogado.

A "ginga" também diferencia a capoeira de outras modalidades de luta (e até mesmo os diferentes estilos dentro da própria capoeira) e tem como finalidade o estudo do adversário, a dissimulação da "luta", dando a ela uma falsa aparência de dança. Serve para preparar, simular e desferir os golpes de ataque, as esquivas e molejos na defesa, ajudando de forma decisiva no reflexo, justamente por manter o capoeirista em constante movimento. Um bom capoeirista é reconhecido pelo seu estilo de gingar, isto é, se ele apresenta grande desembaraço, ritmo, descontração, amplitude de movimentos e malícia.

Hoje em dia a capoeira se tornou não apenas uma arte ou um aspecto cultural, mas uma verdadeira exportadora da cultura brasileira para o exterior (dentro de uma roda de capoeira, seja aqui no Brasil, seja no Japão, só é falado o Português, o ritmo segue a cadência da bateria e as cantigas relatam histórias de grandes mestres, lamentos do tempo da escravidão no Brasil colonial, provocações aos "adversários" a plateia, brincadeiras, etc). Presente em dezenas de países em todos os continentes, todo ano a capoeira atrai ao Brasil milhares de alunos estrangeiros que, frequentemente, se esforçam em aprender a língua portuguesa para melhor se envolverem com esta arte. Mestres, mestrandos, contramestres e professores respeitados são constantemente convidados a dar palestras, cursos e aulas especiais no exterior.

O aspecto marcial (de luta) ainda se faz muito presente e, como nos tempos antigos, ainda é sutil e disfarçado (principalmente no estilo de capoeira "Angola", a "capoeira mãe", já a capoeira "Regional" e "Contemporânea" a luta é mais evidente). A malandragem (a mandinga) faz parte do espetáculo, capoeiristas experientes raramente tiram os olhos de seus oponentes em um jogo de capoeira, já que uma queda pode chegar disfarçada até mesmo de um gesto amigável.

Outras manifestações culturais como o batuque, o maculelê, a puxada de rede, o frevo e o samba de roda são danças fortemente ligadas à capoeira, por também terem nascido da mesma cultura.

A Capoeira que já foi até proibida pelo código penal brasileiro hoje é um símbolo da nossa cultura, símbolo da miscigenação de etnias, símbolo de resistência à opressão.

Capoeira Liberdade | Itajubá MG
Capoeira Liberdade | Itajubá MG
Capoeira Liberdade | Itajubá
Capoeira Liberdade | Itajubá MG
Capoeira Liberdade | Itajubá MG

A Origem da Capoeira

Devido à falta de registros históricos, ainda há muita discussão e controvérsias sobre as suas origens. Hoje em dia, a maioria dos estudiosos concorda com a hipótese de que a capoeira foi criada no Brasil, por volta de 1600, pelos escravos bantos originários da região de Angola. Alguns acreditam que a capoeira nasceu aqui à partir de uma mistura de lutas, danças e rituais de diversas partes da África. Outros acreditam que ela é uma mistura de cultura africana com a cultura indígena, uma vez que os índios brasileiros, por volta de 1630, tinham um ritual onde misturavam música, dança e luta. O termo "capoeira", segundo a maioria dos etnólogos, acredita-se que seja originário do tupi-guarani, da junção de “caa” (significa mato) e “puera” (que foi mato), ou seja, aquele mato rasteiro, ou "clareiras" onde antes havia uma floresta. Dizem que quando o negro fugia ele ia para o mato, para a “capoeira”.
No entanto, há aqueles que afirmam que a capoeira é africana, pois na África existem danças semelhantes à capoeira como o "n´golo" ou "n'angolo" (a dança das zebras). Mas isso não é suficiente para comprovar as origens da capoeira, uma vêz que não há em outros países, que também receberam influencia africana, manifestações semelhantes à capoeira.
Essas inúmeras controvérsias que existem sobre a capoeira, devem-se ao fato de em 1890 o então ministro das finanças Ruy Barbosa ter mandado incinerar documentos referentes ao período da escravidão, alegando que esse passado trágico deveria ser apagado da memória do Brasil. Independente das suas origens, a capoeira era uma forma de resistência dos escravos africanos, um instrumento de libertação do negro contra um sistema dominante e opressor; a busca da liberdade por uma raça escravizada e mal tratada pelo colonizador branco.
Nas senzalas era praticada nos momentos de folga e, para os senhores não desconfiarem de que aquilo fosse um treinamento de combate, os escravos aliaram aos golpes a ginga e a música. Nas fugas para o quilombo foi muito útil contra os capitães-do-mato e capatazes. Os negros ficavam escondidos na mata e quando os capitães chegavam, esperavam a hora certa para atacá-los. Nas batalhas para a destruição dos quilombos a capoeira também foi de grande valia para os negros.
Com o término da escravidão no final do século XIX, os negros se viram livres das mãos dos senhores de engenho, mas tornaram-se escravos do sistema. A descravização os levou a uma situação trágica; a maioria ficou abandonada nas ruas, sem emprego, moralidade e alimentação. Sem meios para sobreviver, a única saída que encontraram foi saquear e roubar, utilizando a capoeira como ferramenta. Assim, começou o processo de degradação da capoeira, onde os capoeiristas passaram a ser vistos como vadios e delinqüentes.
Em 1890, logo após a Proclamação da República, a capoeira foi proibida por lei permanecendo assim até 1937. As três primeiras décadas do século XIX foram marcadas por constantes conflitos entre a polícia e os capoeiristas que utilizavam armas como a navalha, porretes e facões e aproveitavam as festas e apresentações para roubar, saquear, brigar e arrumar confusão.
Um passo importantíssimo para a legalização da capoeira, onde ela passou a ser reconhecida como esporte nacional, foi a criação da Capoeira Regional (Luta Regional Baiana) por Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado). Bimba criou uma metodologia de ensino onde a capoeira ganhou um caráter esportivo e passou a ser praticada também por intelectuais e pessoas da elite (muitos alegam que Mestre Bimba "embranqueceu" a capoeira, porém, muitos de seus alunos, como Mestre Itapuã, afirmam que isso não aconteceu, pelo contrario, dizem que Mestre Bimba "africanizou" os brancos).
Outro grande Mestre que pode ser citado devido a sua distinção na atividade de ensino da Capoeira é Mestre Pastinha, maior propagador da Capoeira Angola, modalidade dita "tradicional". Ao longo dos anos, sua competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do Mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do seu método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade.
Em 1937, a prática passou então a ser permitida por lei e em 1972 foi reconhecida oficialmente como esporte. Daí então não parou de crescer. Hoje, ela está presente em universidades, escolas e academias do Brasil e do exterior.
Capoeira Liberdade | Itajubá MG
Capoeira Liberdade | Itajubá MG
bottom of page